250 ônibus que rodam em Samambaia, Ceilândia e Taguatinga pararam.
Motorista levou quatro facadas durante tentativa de assalto nesta terça.
Rodoviários se concentraram no terminal de ônibus de Samambaia Sul, no Distrito Federal, por volta de 12h desta quarta-feira (28) para realizar uma carreata em direção ao batalhão da Polícia Militar da região para pedir mais segurança. Segundo o Sindicato dos Rodoviários, 400 trabalhadores, 250 ônibus da Urbi e parte da Marechal, que fazem as linhas do Plano Piloto, Samambaia, Ceilândia e Taguatinga, deixaram de circular.
Às 14h30, o presidente do Sindicato dos Rodoviários, João Jesus, afirmou que se reuniu com o comando da Polícia Militar e que a corporação se comprometeu a conversar semanalmente com os trabalhadores. "Vamos ter reunião toda sexta com o comando da PM para discutir onde está a falta de segurança no DF. Vamos trazer ocorrências para eles poderem monitorar onde estão acontecendo assaltos", disse Jesus. Segundo ele, os ônibus voltariam a circular por volta de 15h30.
Em nota, a Polícia Militar afirmou que efetuou cerca de 50 prisões no último fim de semana e retirou 28 armas de circulação. Destas prisões, 50% foram de adolescentes que, segundo a PM, já retornaram às ruas.
A categoria reclama que o número de assaltos a ônibus cresceu muito nos últimos dois anos, o que tem preocupado os trabalhadores. Nesta terça, um motorista de ônibus foi esfaqueado durante uma tentativa de assalto na região.
"Nosso companheiro foi assaltado e esfaqueado. Ele vai ficar inválido pelo menos por alguns dias. Não queremos que aconteça com a gente o que aconteceu com ele, muito menos com os usuários de ônibus. Essa manifestação é uma de prevenção da categoria para que não aconteça mais cenas de violência e assalto com a nossa categoria", disse o motorista Antônio Caldas.
"Estamos sofrendo descaso por parte da segurança pública. Não vemos a polícia parando ônibus pelo menos para dar uma olhada dentro. Está perigoso", disse o cobrador Carlos Oliveira de Andrade.
O motorista Sandro Romano diz que espera que o governo tome alguma atitude em relação aos problemas enfrentados pelos motoristas (veja ao lado). "Realmente, sem policiamento ostensivo estamos trabalhando com medo. A gota d'água foi nosso companheiro, que está hospitalizado, esfaqueado, sem médico para ser operado", diz. "A gente espera que com o movimento de PM de Samambaia nós de maior apoio."
Com 250 ônibus a menos e as paradas de ônibus cheias, os passageiros enfrentaram dificuldades no deslocamento. "Já liguei para o meu chefe falando que vou demorar. Aproveitei e tirei uma foto para ele poder acreditar, porque semana passda faltei por causa do DFTrans, os cartões não funcionavam, e hoje por causa da carreata dos motoristas", disse a doméstica Rebeca Flor.
Crime"Eu apoio esse ato dos rodoviários", disse a contadora Maria Izabel. "Eles não lutam só pelos direitos deles, e sim os nossos também. Eu ando de ônibus todo dia e sei o quanto é perigoso."
Segundo a Polícia Civil, quatro pessoas tentaram entrar no ônibus com uma faca. Ao tentar impedir que os jovens entrassem, o motorista foi atacado por outro suspeito que permaneceu perto da porta.
De acordo com a corporação, os quatro jovens tentaram fugir, mas o cobrador do ônibus conseguiu segurar um dos adolescentes até a chegada da polícia. O motorista foi atingido por quatro facadas, nas costas, no pulso e no braço.
Ele foi encaminhado para a UPA de Samambaia, onde recebeu os primeiros socorros. Depois foi transferido para o Hospital Regional de Ceilândia onde passou por cirurgia para reconstituição de tendão. Segundo a polícia, nada foi roubado.
O adolescente foi encaminhado para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). As facas utilizadas no crime foram apreendidas e encaminhadas para o Instituto de Criminalística.
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